Quando tudo o que damos por certo se desmorona a nossos pés, e toda a nossa vida organizada nos envolve de tal maneira que ficamos presos na sua teia. Quando a vida nos prega uma partida e nos vira de cabeça para baixo. Talvez para vermos os problemas de outra prespectiva ou até para nos ridicularizar perante a nossa alma que continua imune e sempre no sitio. Quando nos voltamos de cabeça para cima, pairamos perdidos, tontos como se tudo estivesse desarrumado. Aí temos apenas duas hipoteses arrumar, ou mudar e comçear outra teia mais ou lado.
Acho que construi uma nova, de certa forma apoiada na velha, pois precisava de técnicas usadas nesta para construir uma nova. Para esta teia comprei fio mais forte e certifiquei-me que nao havia fio solto ou froucho. Mas quando me vi tão segura nesta nova teia veio uma lufada de ar quente vindo do sul, que abanou abanou e abalou a minha teia. Precisei de reforços rápidos e eficázes. E ao que parecia, eles estavam mesmo em baixo, peguei num fio solto da teia anterior e fortifiquei um dos fios na teia posterior. Este fio velho e viciado, era muito mal comportado e nao se queria manter no sitio, puxava e repuxava, de vez em quando lá acalmava mas nunca se conformava.
Foi aí então que decidi retirar o fio velho e tingir a teia das cores do arco iris, depois puxei uma pontinha e comecei a enrolar-me em todo o fio, e no fim tinha-o tao entrelaçado em mim que se foi entranhado chegando mesmo, a proteger-me, de certa forma. Aí tornei-me nómada, independente do local da teia, porque agora era eu propria a minha teia.
Uma mulher cigana.