décima sexta história
No cemitério, Gaspar corria como o vento. Colina a cima, colina a baixo. Não se ouvia barulho algum, apenas o barulho das suas passadas e de vez em quando o ruído do seu pé pisando as folhas secas que o Outono roubava as árvores.
A Primavera já ia longe e com ela a sua felicidade. Daí em diante só tristeza e saudade. Avó Laura partira em Abril, Gaspar não percebera bem porquê. Esta incompreensão touxera-lhe primeiro a impressão de que nada daquilo era real. Morte. Fim. Saudade. Soavam-lhe como palavras soltas em luto. Depois, o tomar de consciência, o vazio. A tamanha tristeza que se formara mais tarde em fúria e revolta. Nisto chega e passa o Verão, mais calmo, Gaspar, estagna no cais de Setembro, onde navega num turbilhão de emoções contrastantes. Nos momentos de enorme tristeza sentava-se junto à janela a olhar as marés vivas esperando pela arrasadora maré alta.
Até que um dia, com o cair da primeira folha, Gaspar limpa as lágrimas e uma nova esperança percorre-lhe o corpo deixando um sorriso. Sua mãe, Esperanza, farta de ver o seu filho em pranto diz-lhe que Laura, voava sobre o Alto de São João no vento de Outono.
No cemitério, Gaspar corria como o vento. Colina a cima, colina a baixo. Não se ouvia barulho algum, apenas o barulho das suas passadas e de vez em quando o ruído do seu pé pisando as folhas secas que o Outono roubava as árvores.
Sem comentários:
Enviar um comentário