segunda-feira, dezembro 15, 2008

A saudade andou comigo
E através do som da minha voz
No seu fado mais antigo
Fez mil versos a falar de nós
Troçou de mim à vontade
Sem ouvir sequer os meus lamentos
E por capricho ou maldade
Correu comigo a cidade
Até há poucos momentos

Já me deixou
Foi-se logo embora
A saudade a quem chamei maldita
Já nos meus olhos não chora
Já nos meus sonhos não grita
Já me deixou
Foi-se logo embora
Minha tristeza chegou ao fim
Já me deixou mesmo agora
Saíu pela porta fora
Ao ver-te voltar para mim

Nem sempre a saudade é triste
Nem sempre a saudade é pranto e dor
Se em paga saudade existe
A saudade não dói tanto amor
Mas enquanto tu não vinhas
Foi tão grande o sofrimento meu
Pois não sabia que tinhas
Em paga ás saudades minhas
Mais saudades do que eu


Mariza . Já me deixou

segunda-feira, dezembro 08, 2008

trigésima história
Era uma vez uma árvore. Essa árvore era uma vez rodeada de quatro grandes prédios, autênticos arranha-céus. Dois destes prédios tinham a localização exacta do trajecto nascente-poente do sol, expondo a pobre coitada da árvore ao sol apenas umas míseras 3 horas diárias, numa incisão quase vertical dos raios solares. Assim, esta árvore, de certo modo robusta, tinha um grande conflito interno: as suas folhas inclinas dos primeiros pisos, por carência fotossintética ficavam invadidas por inveja. Deste modo, passavam os dias tristes e escuras implorando por um pouquinho de sol; enquanto as dos pisos superiores, fascinadas com os luxos ensolarados perdiam o discernimento e apanhavam grandes escaldões. Pobres coitadas, todas secas e enrugadas, perdiam as forças mal chegava o Outono, e caiam aos trambolhões.

domingo, dezembro 07, 2008

"Sempre a pensar, sempre a pensar. O que é que eu vou fazer? Onde é que esta estrada vai dar?"