quarta-feira, fevereiro 28, 2007

décima história (de um lutador)
Martin Luther King (1929-1968)
Martin Luther King (1929-1968), pastor norte-americano, Prêmio Nobel, um dos principais líderes do movimento americano pelos direitos civis e defensor da resistência não violenta contra a opressão racial. Foi escolhido líder do movimento a favor dos direitos civis das minorias após organizar o famoso boicote ao transporte público em Montgomery (Alabama), em 1955.

Lutou por um tratamento igualitário e contribuiu para a melhoria da situação da comunidade negra, mediante protestos pacíficos e discursos enérgicos sobre a necessidade do fim da desigualdade racial. Em 1963, dirigiu uma marcha pacífica do monumento a Washington até o Lincoln Memorial, onde pronunciou seu discurso mais famoso: "Eu Tenho um Sonho".

Discurso de Martin Luther King, Jr. em Washington, D.C., a capital dos Estados Unidos da América, em 28 de Agosto de 1963.

"Há cem anos, um grande americano, sob cuja sombra simbólica nos encontramos, assinava a Proclamação da Emancipação. Esse decreto fundamental foi como um raio de luz de esperança para milhões de escravos negros que tinham sido marcados a ferro nas chamas de uma vergonhosa injustiça. Veio como uma aurora feliz para terminar a longa noite do cativeiro. Mas, cem anos mais tarde, devemos enfrentar a realidade trágica de que o Negro ainda não é livre.

Cem anos mais tarde, a vida do Negro é ainda lamentavelmente dilacerada pelas algemas da segregação e pelas correntes da discriminação. Cem anos mais tarde, o Negro continua a viver numa ilha isolada de pobreza, no meio de um vasto oceano de prosperidade material. Cem anos mais tarde, o Negro ainda definha nas margens da sociedade americana, estando exilado na sua própria terra.

Por isso, encontramo-nos aqui hoje para dramaticamente mostrarmos esta extraordinária condição. Num certo sentido, viemos à capital do nosso país para descontar um cheque. Quando os arquitectos da nossa república escreveram as magníficas palavras da Constituição e da Declaração de independência, estavam a assinar uma promissória de que cada cidadão americano se tornaria herdeiro.

Este documento era uma promessa de que todos os homens veriam garantidos os direitos inalienáveis à vida, à liberdade e à procura da felicidade. É óbvio que a América ainda hoje não pagou tal promissória no que concerne aos seus cidadãos de cor. Em vez de honrar este compromisso sagrado, a América deu ao Negro um cheque sem cobertura; um cheque que foi devolvido com a seguinte inscrição: "saldo insuficiente". Porém nós recusamo-nos a aceitar a ideia de que o banco da justiça esteja falido. Recusamo-nos a acreditar que não exista dinheiro suficiente nos grandes cofres de oportunidades deste país.

Por isso viemos aqui cobrar este cheque - um cheque que nos dará quando o recebermos as riquezas da liberdade e a segurança da justiça. Também viemos a este lugar sagrado para lembrar à América da clara urgência do agora. Não é o momento de se dedicar à luxuria do adiamento, nem para se tomar a pílula tranquilizante do gradualismo. Agora é tempo de tornar reais as promessas da Democracia. Agora é o tempo de sairmos do vale escuro e desolado da segregação para o iluminado caminho da justiça racial. Agora é tempo de abrir as portas da oportunidade para todos os filhos de Deus. Agora é tempo para retirar o nosso país das areias movediças da injustiça racial para a rocha sólida da fraternidade.

Seria fatal para a nação não levar a sério a urgência do momento e subestimar a determinação do Negro. Este sufocante verão do legítimo descontentamento do Negro não passará até que chegue o revigorante Outono da liberdade e igualdade. 1963 não é um fim, mas um começo. Aqueles que crêem que o Negro precisava só de desabafar, e que a partir de agora ficará sossegado, irão acordar sobressaltados se o País regressar à sua vida de sempre. Não haverá tranquilidade nem descanso na América até que o Negro tenha garantido todos os seus direitos de cidadania.

Os turbilhões da revolta continuarão a sacudir as fundações do nosso País até que desponte o luminoso dia da justiça. Existe algo, porém, que devo dizer ao meu povo que se encontra no caloroso limiar que conduz ao palácio da justiça. No percurso de ganharmos o nosso legítimo lugar não devemos ser culpados de actos errados. Não tentemos satisfazer a sede de liberdade bebendo da taça da amargura e do ódio.

Temos de conduzir a nossa luta sempre no nível elevado da dignidade e disciplina. Não devemos deixar que o nosso protesto realizado de uma forma criativa degenere na violência física. Teremos de nos erguer uma e outra vez às alturas majestosas para enfrentar a força física com a força da consciência.

Esta maravilhosa nova militancia que engolfou a comunidade negra não nos deve levar a desconfiar de todas as pessoas brancas, pois muitos dos nossos irmãos brancos, como é claro pela sua presença aqui, hoje, estão conscientes de que os seus destinos estão ligados ao nosso destino, e que sua liberdade está intrinsecamente ligada à nossa liberdade.

Não podemos caminhar sozinhos. À medida que caminhamos, devemos assumir o compromisso de marcharmos em frente. Não podemos retroceder. Há quem pergunte aos defensores dos direitos civis: "Quando é que ficarão satisfeitos?" Não estaremos satisfeitos enquanto o Negro for vítima dos incontáveis horrores da brutalidade policial. Não poderemos estar satisfeitos enquanto os nossos corpos, cansados das fadigas da viagem, não conseguirem ter acesso a um lugar de descanso nos motéis das estradas e nos hotéis das cidades. Não poderemos estar satisfeitos enquanto a mobilidade fundamental do Negro for passar de um gueto pequeno para um maior. Nunca poderemos estar satisfeitos enquanto um Negro no Mississipi não pode votar e um Negro em Nova Iorque achar que não há nada pelo qual valha a pena votar. Não, não, não estamos satisfeitos, e só ficaremos satisfeitos quando a justiça correr como a água e a rectidão como uma poderosa corrente.

Sei muito bem que alguns de vocês chegaram aqui após muitas dificuldades e tribulações. Alguns de vocês saíram recentemente de pequenas celas de prisão. Alguns de vocês vieram de áreas onde a vossa procura da liberdade vos deixou marcas provocadas pelas tempestades da perseguição e sofrimentos provocados pelos ventos da brutalidade policial. Vocês são veteranos do sofrimento criativo. Continuem a trabalhar com a fé de que um sofrimento injusto é redentor.
Voltem para o Mississipi, voltem para o Alabama, voltem para a Carolina do Sul, voltem para a Geórgia, voltem para a Luisiana, voltem para as bairros de lata e para os guetos das nossas modernas cidades, sabendo que, de alguma forma, esta situação pode e será alterada. Não nos embrenhemos no vale do desespero.

Digo-lhes, hoje, meus amigos, que apesar das dificuldades e frustrações do momento, ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho americano.

Tenho um sonho que um dia esta nação levantar-se-á e viverá o verdadeiro significado da sua crença: "Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens são criados iguais".

Tenho um sonho que um dia nas montanhas rubras da Geórgia os filhos de antigos escravos e os filhos de antigos proprietários de escravos poderão sentar-se à mesa da fraternidade.

Tenho um sonho que um dia o estado do Mississipi, um estado deserto, sufocado pelo calor da injustiça e da opressão, será transformado num oásis de liberdade e justiça.

Tenho um sonho que meus quatro pequenos filhos viverão um dia numa nação onde não serão julgados pela cor da sua pele, mas pela qualidade do seu caractér.

Tenho um sonho, hoje.

Tenho um sonho que um dia o estado de Alabama, cujos lábios do governador actualmente pronunciam palavras de ... e recusa, seja transformado numa condição onde pequenos rapazes negros, e raparigas negras, possam dar-se as mãos com outros pequenos rapazes brancos, e raparigas brancas, caminhando juntos, lado a lado, como irmãos e irmãs.

Tenho um sonho, hoje.

Tenho um sonho que um dia todo os vales serão elevados, todas as montanhas e encostas serão niveladas, os lugares ásperos serão polidos, e os lugares tortuosos serão endireitados, e a glória do Senhor será revelada, e todos os seres a verão, conjuntamente.

Esta é nossa esperança. Esta é a fé com a qual regresso ao Sul. Com esta fé seremos capazes de retirar da montanha do desespero uma pedra de esperança. Com esta fé poderemos transformar as dissonantes discórdias de nossa nação numa bonita e harmoniosa sinfonia de fraternidade. Com esta fé poderemos trabalhar juntos, rezar juntos, lutar juntos, ir para a prisão juntos, ficarmos juntos em posição de sentido pela liberdade, sabendo que um dia seremos livres.

Esse será o dia quando todos os filhos de Deus poderão cantar com um novo significado: "O meu país é teu, doce terra de liberdade, de ti eu canto. Terra onde morreram os meus pais, terra do orgulho dos peregrinos, que de cada localidade ressoe a liberdade".

E se a América quiser ser uma grande nação isto tem que se tornar realidade. Que a liberdade ressoe então dos prodigiosos cabeços do Novo Hampshire. Que a liberdade ressoe das poderosas montanhas de Nova Iorque. Que a liberdade ressoe dos elevados Alleghenies da Pensilvania!

Que a liberdade ressoe dos cumes cobertos de neve das montanhas Rochosas do Colorado!

Que a liberdade ressoe dos picos curvos da Califórnia!

Mas não só isso; que a liberdade ressoe da Montanha de Pedra da Geórgia!

Que a liberdade ressoe da Montanha Lookout do Tennessee!

Que a liberdade ressoe de cada Montanha e de cada pequena elevação do Mississipi.

Que de cada localidade, a liberdade ressoe.

Quando permitirmos que a liberdade ressoe, quando a deixarmos ressoar de cada vila e cada aldeia, de cada estado e de cada cidade, seremos capazes de apressar o dia em que todos os filhos de Deus, negros e brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, poderão dar-se as mãos e cantar as palavras da antiga canção negra: "Liberdade finalmente! Liberdade finalmente! Louvado seja Deus, Todo Poderoso, estamos livres, finalmente!"


"When we let freedom ring, when we let it ring from every village and every hamlet, from every state and every city, we will be able to speed up that day when all of God's children, black men and white men, Jews and Gentiles, Protestants and Catholics, will be able to join hands and sing in the words of the old Negro spiritual, "Free at last! free at last! thank God Almighty, we are free at last!"

terça-feira, fevereiro 27, 2007

"Nesse momento, o pai de Malinalli sentiu no seu espirito uma inspiração que não lhe pertencia e , em vez de continuar com as palavras tradicionais de boas-vindas, a sua língua falou com outro canto:
- Minha filha, vens da água e a água fala. Vens do tempo e estarás no tempo e a tua palavra estará no vento e será espalhada pela terra. A tua palavra será o fogo que transforma todas as coisas. A tua palavra estará na água e será o espelho da língua. A tua palavra terá olhos e verá, terá ouvidos e ouvirá, terá tacto para mentir com a verdade e dirá verdades que parecerão mentiras. E com a tua palavra poderás regressar à quietude, ao principio onde nada é, onde nada está, onde tudo o que foi criado regressa ao silencio, mas a tua palavra despertá-lo-á e terás de nomear os deuses e terás de dar vozes às árvores e farás com que a natureza tenha língua e falará por ti o que é invisível e tornar-se-á visível na tua palavra. E a tua língua será palavra de luz e a tua palavra, pincel de flores, palavra de cores que, com a tua voz, pintará novos códices."
Excerto retirado do livro Malinche de Laura Esquivel

os cinco sentidos





(OLFACTO, PALADAR, VISÃO, AUDIÇÃO E TACTO)

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

nona história (dedicada ao rei das histórias)
A 25 de Agosto de 1958 nasce o "Rei" na Califórnia.
Após uma infância perdida em sonhos e filmes e um percurso pelo Instituto de Artes da Califórnia onde estudou animação e pelos estudos da disney, Tim Burton inspirado por Edward D. Wood, Jr. e Vincent Price começa a criar os seus próprios filmes.
Pee-wees's Big Adventure; Beetlejuice; Batman; Edward Scissorhands; Batman Returns; The Nightmare Before Christmas; Ed Wood; James and the Giant Peach; Sleepy Hollow; Planeta dos Macacos; Big Fish; Charlie and the Chocolate Factory; Corpse Bride são só alguns dos filmes deste génio do cinema. Muitos deles são relacionados com temáticas sobre Halloween e/ou Natal, e em muitos deles entram no seu elenco Johnny Depp e Christopher Walken.

terça-feira, fevereiro 20, 2007

(elas voltaram) oitava história

Desta vez vou-vos contar uma história baseada numa verdadeira. Vou-vos falar de José Teixeira da Silva. Nasceu em 1818, filho de um capitão de ladrões e Castelães, Comarca de Penafiel, e mais tarde foi com a sua família para Lisboa. Foi soldado e até sargento. Mas além disso, foi também ladrão. Roubava para dar aos pobres tal como Robin Wood. Condenado por assaltos Zé do Telhado, como era conhecido, foi para a prisão da Relação do Porto onde conheceu o escritor Camilo Castelo Branco que rápido se apercebeu da bela personagem que Zé do Telhado era e foi em "Memórias de Cárcere" que Camilo Castelo Branco retracta perfeitamente Zé do telhado. Esta é a história de Zé do Telhado o Robin Wood português.

domingo, fevereiro 18, 2007

não sou muito de escrever a minha vida no meu blog. postar fotografias minhas, falar sobre mim, falar dos meus dias, de onde fui e onde vou. mas os últimos post de facto têm sido exactamente isso. não quero que isto se torne um habito mas, estes dias têm sido tão intensos que é mesmo inevitável escrever sobre eles, sem metáforas e sem historias.

cada um sua magia, cada musica sei encanto, cada palma merecida. Foram 6 seguidos, seis concertos espectaculares. admito que gosto bastante de Jorge palma, e que sim, era pelo concerto dele que estava mais anciosa. mas todos os outros me surpreenderam positivamente: por expressões, por canções, por momentos, por uma voz, ó foi bonito.
um destaque principal para o grande JORGE PALMA que foi o máximo e para os GNR que me admirou pela presença e pela loucura inocente.

Um obrigada todo o grupo que me fez companhia :) (com um beijinho especial para as turras) e uma vénia a todas as pessoas que me fizeram companhia nessa noite, publico, artistas, fotógrafos, técnicos, todos porque foi espectacular não mudava NADA!

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

CARNAVAL ANTÓNIO ARROIO 2007