trigésima primeira história. episódio quatro.
Amélia já estava na prisão à cerca de 199 dias, já perdera a conta certa. A única coisa de que tinha certeza era que ao ducentésimo dia de pena era livre. Liberdade que muito outros queriam. Outros sim, ela não. Fugitiva da sua própria casa, e sem a sua única ambição - o eléctrico - já nada a movia. Parada na prisão que estava, por mais estranho que parecesse, ali sentia-se confortável. Era frio, a luz que se fazia sentir era amarela, e acima de tudo havia ferro e madeira. Era o mais parecido com o eléctrico que conseguia arranjar! Assim, no dia em que lhe foi cedida a liberdade, Amélia não queria abandonar a prisão. Perdera a sua casa pelas 6 rendas que não pagou. Na casa dos seus pais sabia que não era bem-vinda e desde que saiu de lá nunca mais soubera nada deles, nem eles dela. Era uma só num mundo grande percorrido por carris do eléctrico. Foi exactamente neste raciocínio depressivo que fez a grande resolução da sua vida! Se aguentara 200 dias numa prisão sob condições precárias aguentaria muito mais, desde que, estivesse feliz. Então, pegou na sua mala, onde a única coisa que lá valia era o recorte com o reclame do eléctrico em leilão e fez-se ao caminho.
A partir desse dia, Amélia foi viver para os carris do eléctrico, onde, sempre que queria a sua casa levava-a até aos mais longíquos destinos. À noite os carris eram só seus e de dia podia contemplar a beleza dos eléctricos que passavam de lá para cá e de cá para lá. Era feliz.
A partir desse dia, Amélia foi viver para os carris do eléctrico, onde, sempre que queria a sua casa levava-a até aos mais longíquos destinos. À noite os carris eram só seus e de dia podia contemplar a beleza dos eléctricos que passavam de lá para cá e de cá para lá. Era feliz.
1 comentário:
Muitos tentam atingir a felicidade com enormes feitos. Esses nunca são felizes. A felicidade está na banalidade, no infímo e mais puro desejo. Uma felicidade verdadeira. Adoro a Amélia.
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