décima oitava história
Vou falar-vos de uma menina. Esta menina, possuía uma característica muito particular, pois não era que não conseguia amar.
Na escola aprendera como funcionava o corpo humano por dentro, mas esta menina era peculiar, pois no sítio do coração tinha um buracão. E no sitio lógico, um cérebro em forma de coração, feito de entranhas entrelaçadas como cordão.
Desenganem-se aqueles que pensam que tal rapariga tinha noção de sua diferença, porque esta rapariga tão disforme vivera sempre na escuridão.
Certo dia, a criatura conhece um rapaz, aproxima-se dele na ironia de fugir da solidão. Mesmo sem coração, algo diz à rapariga, que aquela amizade vale ouro, e do mesmo modo, reluzem os seus olhos na presença do rapaz. Esta amizade vai crescendo, cresce em conversas sussurradas debaixo de um lençol de estrelas, cresce em segredos confessados nos becos de um vila perdida no tempo e no espaço. Ficaram próximos, muito próximos.
Tão próximos que toda a esta história criou um grande embaraço no seu cérebro. O seu cérebro-coração, palpitava ferozmente, atordoado pelas próprias cordas que o formavam. Isto era de tal forma violento que a rapariga ficava totalmente abalada e acabava por se afastar do rapaz.
Nisto, o tempo foi passando, por vezes mais próximos por outras menos próximos. De modo, que aos poucos a rapariga foi compreendendo que talvez não fosse igual a todas as pessoas, talvez tivesse algo a preencher, algo vazio, que não conseguia compreender.
Finalmente a rapariga, aventura-se então em busca dessa coisa que lhe faltava, sentia que o rapaz estava de alguma forma metido na história, e estava fora de questão que ficasse fora da sua vida. Aproxima-se dele, e fica contente com a sua opção, algo por dentro lhe dizia que estava perto do coração. Os nós entrelaçados da sua cabeça aos poucos desfaziam-se e com grande suavidade iam enchendo o buraco no seu coração.
Mas, a rapariga mal habituada a não saber amar, agora que para lá caminhava, não sabe como amar. Em êxtase, de flores, borboletas e cores, a criatura, já menos disforme, acaba por se encontrar numa encruzilhada do coração, dividida entre sentimento e emoção. Deixou-se levar pela atracção, trocou o rapaz pelo fogo de artifício, brilhante e deslumbrante, mas como todos sabem efémero.
Tal qual um boomerang, todo o cordel lindamente arranjado e encaixado no buraco no peito da menina, subiu velozmente ao cérebro da mesma, entrelaçando-a e envolvendo-lhe todos os pensamentos num emaranhado tremendo.
Depois desta confusão, menina voltou para o rapaz, mas o seu buraco nunca ficou tão cheio como outrora. E mais uma vez, menina despassarada, fica entrelaçada noutro fogo de artificio, mas este brilha e deslumbra e enfeitiça a menina, por pouco tempo, porque mal ela se aproxima, vê que as sua cores são feias ao perto, e as formas não a atraem. E com esta aventura, a menina perde todo o resto de cordel que lhe enchia o coração, e destroçada, olha para trás, e vê o cordel como que lhe indicando o caminho, até ao outro rapaz. Segue o cordel, mas este acaba onde os dois estiveram juntos da última vez. O rapaz já lá não estava, desta vez, não esperara por ela.
A rapariga triste e amargurada, permanecera ainda no fim do cordel, ficara imóvel como que esperando por ele. Seu buraco vazio no peito sufocava-a de dor, e parecia que ficava cada vez maior. A rapariga chorava pelo seu amigo, pois quando as pessoas não tem coração e não sabem o que é amar, conhecem de outro modo amizade, dando extrema importância, e percebendo e ela sim é a base de todos os outros sentimentos. E ao aperceber-se disto, sorriu, e tapou com as suas mãos o buraco que tinha no peito, que milagrosamente este preencheu-se e encheu-se de alegria e esperança e certeza que aquele rapaz que ela deixara ali, era importante para si.
Na escola aprendera como funcionava o corpo humano por dentro, mas esta menina era peculiar, pois no sítio do coração tinha um buracão. E no sitio lógico, um cérebro em forma de coração, feito de entranhas entrelaçadas como cordão.
Desenganem-se aqueles que pensam que tal rapariga tinha noção de sua diferença, porque esta rapariga tão disforme vivera sempre na escuridão.
Certo dia, a criatura conhece um rapaz, aproxima-se dele na ironia de fugir da solidão. Mesmo sem coração, algo diz à rapariga, que aquela amizade vale ouro, e do mesmo modo, reluzem os seus olhos na presença do rapaz. Esta amizade vai crescendo, cresce em conversas sussurradas debaixo de um lençol de estrelas, cresce em segredos confessados nos becos de um vila perdida no tempo e no espaço. Ficaram próximos, muito próximos.
Tão próximos que toda a esta história criou um grande embaraço no seu cérebro. O seu cérebro-coração, palpitava ferozmente, atordoado pelas próprias cordas que o formavam. Isto era de tal forma violento que a rapariga ficava totalmente abalada e acabava por se afastar do rapaz.
Nisto, o tempo foi passando, por vezes mais próximos por outras menos próximos. De modo, que aos poucos a rapariga foi compreendendo que talvez não fosse igual a todas as pessoas, talvez tivesse algo a preencher, algo vazio, que não conseguia compreender.
Finalmente a rapariga, aventura-se então em busca dessa coisa que lhe faltava, sentia que o rapaz estava de alguma forma metido na história, e estava fora de questão que ficasse fora da sua vida. Aproxima-se dele, e fica contente com a sua opção, algo por dentro lhe dizia que estava perto do coração. Os nós entrelaçados da sua cabeça aos poucos desfaziam-se e com grande suavidade iam enchendo o buraco no seu coração.
Mas, a rapariga mal habituada a não saber amar, agora que para lá caminhava, não sabe como amar. Em êxtase, de flores, borboletas e cores, a criatura, já menos disforme, acaba por se encontrar numa encruzilhada do coração, dividida entre sentimento e emoção. Deixou-se levar pela atracção, trocou o rapaz pelo fogo de artifício, brilhante e deslumbrante, mas como todos sabem efémero.
Tal qual um boomerang, todo o cordel lindamente arranjado e encaixado no buraco no peito da menina, subiu velozmente ao cérebro da mesma, entrelaçando-a e envolvendo-lhe todos os pensamentos num emaranhado tremendo.
Depois desta confusão, menina voltou para o rapaz, mas o seu buraco nunca ficou tão cheio como outrora. E mais uma vez, menina despassarada, fica entrelaçada noutro fogo de artificio, mas este brilha e deslumbra e enfeitiça a menina, por pouco tempo, porque mal ela se aproxima, vê que as sua cores são feias ao perto, e as formas não a atraem. E com esta aventura, a menina perde todo o resto de cordel que lhe enchia o coração, e destroçada, olha para trás, e vê o cordel como que lhe indicando o caminho, até ao outro rapaz. Segue o cordel, mas este acaba onde os dois estiveram juntos da última vez. O rapaz já lá não estava, desta vez, não esperara por ela.
A rapariga triste e amargurada, permanecera ainda no fim do cordel, ficara imóvel como que esperando por ele. Seu buraco vazio no peito sufocava-a de dor, e parecia que ficava cada vez maior. A rapariga chorava pelo seu amigo, pois quando as pessoas não tem coração e não sabem o que é amar, conhecem de outro modo amizade, dando extrema importância, e percebendo e ela sim é a base de todos os outros sentimentos. E ao aperceber-se disto, sorriu, e tapou com as suas mãos o buraco que tinha no peito, que milagrosamente este preencheu-se e encheu-se de alegria e esperança e certeza que aquele rapaz que ela deixara ali, era importante para si.