Vigésima oitava história
Isabel procura na sua mala as chaves do carro, está muito nervosa o que faz as suas mãos tremerem descontroladamente e não conseguirem encontrar as chaves. Encontra-as e entra no carro, senta-se brutamente no lugar do condutor. As lágrimas derramam-se involuntariamente pela sua cara, apoia os braços no volante e chora. Isabel está agora num mundo paralelo à procura de si mesma e não repara em nada nem ninguém. Abre o porta-luvas e tira um CD de Ópera, insere-o no rádio do carro e carrega no play, aumenta o volume consideravelmente. Cansada e saturada de tanto chorar Isabel olha agora em frente e reavalia tudo o que aconteceu na última hora, de seguida faz plano para o que irá fazer na próxima hora.
Enquanto isto, o transito numa das principais avenidas de Lisboa prossegue normalmente, as pessoas passam na rua sem repararem em Isabel. Todas, menos uma rapariga com um casaco rectro style preto e branco, ela passa pelo carro onde Isabel permanece sentada há já 40 minutos e por dois segundos é invadida pela sua mágoa, mesmo assim continua o seu caminho não oferecendo o seu sentimento de compaixão.
A porta do prédio em frente ao carro abre-se, de dentro sai um homem aceitavelmente bem-parecido mas muito enraivecido. O homem sai do prédio a gritar:
- Isabel volta aqui já! Nós temos de conversar! Estás a ouvir?! Estou a falar contigo! - Diz António fora de si, encaminhando-se apressadamente para o carro.
As portas do carro trancam-se e o carro arranca bruscamente fazendo os pneus chiarem.
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