trigésima primeira história. episódio três.
Passados poucos dias Amélia continuava inadaptada na sua própria casa. E para não bastar, todas as noites sonhava com o eléctrico, impávido e sereno, abandonado numa sala escura, apenas iluminada pela luz amarela-dourada do eléctrico. Assim, Amélia vivia inquieta e desassossegada até ao dia em que tomou uma grande resolução!
Pegou nas suas coisas e fugiu da sua própria casa. De mala feita deixa a sua casa com o intuito de nunca mais voltar. Fecha a porta atrás de si e entra no eléctrico. Ainda no breu da noite volta a uma casa onde já tinha estado - a leiloeira - à socapa, entra no prédio. Tenta várias portas, mas estão todas trancadas. De repente repara numa porta mais ao fundo, por debaixo desta porta é visível uma luz amarela-dourada que ilumina o seu interior. Amélia sorri, ela sabe perfeitamente o que está por trás daquela porta relativamente maior que todas as outras. Amélia aproxima-se, pousa a mão sobre a maçaneta e roda o pulso, a porta abre.
O eléctrico, comprado naquela tarde por um casal caprichoso, em que o eléctrico não passou de mais um capricho, ficando assim o eléctrico guardado ou abandonado naquela sala à espera que o fossem levantar.
Amélia fecha os olhos com força com medo que tudo isto não passasse de mais um sonho. Mas quando os volta a abrir o eléctrico continua à sua frente como que a desafiasse a entrar e a conduzi-lo. Amélia apressasse e empurra o eléctrico até aos carris na rua e prepara-se para uma grande viagem que só acabaria no meu maior sonho - viver no eléctrico.
Já há duas horas que Amélia viajava em êxtase de alegria no eléctrico, quando ao longe, um som ecoa nas ruas - ti-ri-ri-ri - o eléctrico polícia surgia ao fundo com as suas luzes a rodopiar e iluminando as ruas de azul e vermelho.
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